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Revelado: Segredo Sombrio dos Cemitérios Judaicos Finalmente Desvendado!

Revelado: Segredo Sombrio dos Cemitérios Judaicos Finalmente Desvendado!

28 de maio de 2024

Revelado: Segredo Sombrio dos Cemitérios Judaicos Finalmente Desvendado!: A família da psicóloga Iara Iavelberg, falecida em 1971 durante a ditadura militar, enfrentou, além do luto, uma longa batalha para retirá-la da “ala dos suicidas” do Cemitério Israelita do Butantã, em São Paulo. A versão oficial da ditadura alegou que Iara, uma militante marxista, havia se suicidado, mas seus familiares sempre duvidaram dessa versão desde o início.

Por isso, eles se recusaram a aceitar que ela fosse enterrada na área reservada para suicidas, que ficava afastada daqueles que morreram por outras causas. Com o auxílio do rabino Henry Sobel (1944-2019), a família conseguiu, após uma longa disputa judicial, exumar o corpo de Iara em 2003. Em 2006, ela foi enterrada novamente no mesmo cemitério, mas desta vez fora da ala dos suicidas e ao lado do túmulo dos pais.

Samuel Iavelberg, irmão de Iara e fotógrafo de 78 anos, conta que a disputa judicial foi necessária porque o cemitério relutou em permitir a exumação, alegando motivos religiosos. Samuel e Iara eram muito próximos, e ambos começaram a militância universitária juntos, ingressando na Organização Revolucionária Marxista Política Operária (Polop). Samuel, que estava no exílio no Chile quando Iara morreu aos 27 anos, lembra da tristeza e revolta com o enterro na ala dos suicidas, que endossava a versão do regime militar. Ele conta que a existência dessa ala no cemitério não foi uma surpresa, pois é uma tradição conhecida entre os judeus.

Como a tradição da ala dos suicidas foi abandonada

O caso de Iara e outros militantes judeus durante a ditadura lançou luz sobre a tradição de separar suicidas em alas específicas nos cemitérios judaicos. Um exemplo notório é o jornalista Vladimir Herzog, morto em 1975. Os militares afirmaram que Herzog se suicidou nos porões do DOI-CODI, mas o rabino Henry Sobel, ao ver o corpo com marcas de tortura, conduziu o sepultamento de Herzog no centro do cemitério.

No Estado de São Paulo, a Associação Cemitério Israelita de São Paulo (Chevra Kadisha) afirma que a prática de separar suicidas foi abandonada há cerca de 20 anos. O rabino Shie Pasternak explica que, com o conhecimento atual sobre distúrbios mentais, a prática foi revista. Marcos Zalcman, da Chevra Kadisha do Rio, diz não ter registros de alas separadas para suicidas nos cemitérios locais.

O rabino Ruben Sternschein, da Confederação Israelita do Brasil (Conib), observa um aumento no número de pessoas que buscam ajuda por questões de saúde mental e defende maior empatia das religiões em relação ao suicídio.

A história da separação dos suicidas nos cemitérios judaicos

Pesquisadores como Israel Orbach e Aron Rabinowitz afirmam que, na Bíblia hebraica (Tanakh), não há menção direta ao suicídio, embora alguns personagens expressem a vontade de morrer ou se matem. Com o tempo, os rabinos interpretaram a proibição ao suicídio a partir de textos como os Dez Mandamentos. O tratado Semachot, um dos mais antigos a tratar explicitamente de ritos funerários para suicidas, determina que nenhum rito deve ser observado para um suicida, reverenciando os vivos e não o suicida.

A separação de alas para suicidas nos cemitérios é uma prática cujo início é incerto, mas que foi abandonada ao longo do século 20. Ruben Sternschein afirma que o judaísmo valoriza a vida e que, uma vez ocorrido o suicídio, deve-se tratá-lo com compaixão. Atualmente, a prática de separar suicidas nos cemitérios não é mais comum, e todos os rabinos, independentemente da corrente, adotam uma postura de compaixão e compreensão.

A mudança de perspectiva dentro do judaísmo

No final do século 19, começaram a surgir os primeiros escritos com uma abordagem mais compreensiva do suicídio. A pesquisadora Ranana Dine, judia e doutoranda em Ética Religiosa na Universidade de Chicago, estudou como o judaísmo e o catolicismo lidaram no passado e lidam no presente com o suicídio. Segundo Dine, o judaísmo passou a ter uma visão mais empática, reconhecendo os distúrbios mentais e a complexidade do ato de suicídio.

Ruben Sternschein reconhece ser difícil precisar desde quando e quão disseminada é a decisão de sepultar suicidas de forma convencional, sem uma separação. Ele explica que, diferentemente da Igreja Católica Apostólica Romana, que tem um poder centralizado, os rabinos têm relativa autonomia local. “O judaísmo é uma tradição de discussões. Aparece uma interpretação que vai passando para o outro, alguém contesta essa interpretação, ou amplia essa interpretação… Assim foi o judaísmo sempre. O mais tradicional no judaísmo é a transformação, a discussão”, diz Sternschein.

Impacto e reflexões sobre o tabu do suicídio nas religiões

O fenômeno do suicídio revela um tabu cultural que atravessa diferentes religiões, como o judaísmo, o catolicismo e o espiritismo. No passado, a Igreja Católica determinava que suicidas não recebessem os ritos funerários comuns, e as igrejas evangélicas frequentemente interpretam o suicídio como pecado. Obras espíritas também descrevem o sofrimento espiritual dos suicidas, reforçando o tabu.

Karen Scavacini, doutora em psicologia e fundadora do Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção do Suicídio, afirma que a religião pode ser um fator de proteção contra o suicídio, mas também pode ser um fator de risco se provocar vergonha e exclusão. “As religiões têm mudado com o tempo, mas [o tabu] ainda está muito forte no imaginário popular”, diz Scavacini.

Revelado: Segredo Sombrio dos Cemitérios Judaicos Finalmente Desvendado!: Conclusão

A tradição de separar suicidas em alas específicas nos cemitérios judaicos foi uma prática que refletia a rejeição histórica do judaísmo ao suicídio. No entanto, ao longo do século 20, essa prática foi abandonada à medida que o entendimento sobre os distúrbios mentais e a compaixão aumentaram dentro da comunidade judaica. Hoje, rabinos de diversas correntes adotam uma postura de empatia e compreensão, reconhecendo que o julgamento sobre o suicídio cabe apenas a Deus.

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cn0e668g7deo

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